Manifestações explícitas de amizade me comovem.
Como esta:
O piano tocado especialmente para Nino
ESTÊVÃO BERTONI
Folha de S.Paulo
Na recepção, o pianista ouviu que não poderia subir para tocar porque o amigo que ele visitara no dia anterior havia dado entrada na UTI. Foi com alguma insistência que o teclado de João Carlos Martins soou pelo hospital Nove de Julho no último dia de 2008, especialmente para Nino, apelido de Vicente Amato Filho, diretor artístico da Apaa (Associação Paulista dos Amigos da Arte). Poucos dias após passar pela nona cirurgia nas mãos, Martins, que luta contra limitações físicas para continuar a tocar, executou três canções a pedido do amigo. Com a mão enfaixada, cumpriu a promessa. "Talvez aquela tenha sido a apresentação mais emocionante que fiz nos meus 60 anos de carreira", escreveu o pianista. Nino morreu oito dias depois, na última quinta, aos 69, devido a um câncer no fígado. Estava feliz com o amigo. Segundo Carmen, mulher de Martins, o hospital chegou a dizer que os pacientes da UTI que pediram para ouvir o piano naquele dia tiveram melhora de 30% no quadro clínico. Inclusive Nino. Primo do infectologista Vicente Amato Neto, Nino foi presidente do Theatro São Pedro, coordenador do Teatro Municipal, assessor da Secretaria Municipal de Cultura e diretor cultural do Club Athletico Paulistano. Segundo Walmir Zanotti, diretor do teatro Sérgio Cardoso, que presenciou o episódio, "a cultura de qualidade perdeu um grande guerreiro". Nino não deixa filhos. A missa de sétimo dia será celebrada amanhã, às 11h, na igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo.
Eu tenho um amigo desses.
Fiel, não moribundo.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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