No post abaixo tem algo que não sei se é cascata da Glória Perez.
Aqui, algo que não sei se é cascata do Aguinaldo Silva:
Sempre que estou em Paris dou um jeito de sentar na esplanada do Le Deux Magots, um café do Boulevard Saint Germain, e lá fico, a tomar um “Portô”, e a fingir que estou esperando Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir pra termos juntos uma discussão filosófica.
Coisas de escritor solitário e maluco.
Dia desses estava eu sentado na mesa em que, na foto acima, o garçon conversa com dois clientes, quando uma mulher loura e grandalhona, que ia passando pela calçada, me viu e veio falar comigo.
“Você é o Aguinaldo Silva, tche?” – ela me perguntou em português, e com forte sotaque gaúcho.
“Sim, sou o próprio” – eu respondi já todo pimpão, pensando ter sido reconhecido por uma fã... E logo em Paris, imaginem!
Porém, mal respondi, a mulher me deu um tremendo tapa na cara, gritou: “safado, veado fascista, reacionário filha da puta!”
E saiu cavalgando feito uma autêntica centaura dos pampas até desaparecer na esquina da Rue Bonaparte.
Atônito, olhei em torno e vi que, nas mesas lotadas, todos me observavam no mais absoluto e crítico silêncio.
“Que vexame” – eu pensei, enquanto me fingia de estátua.
Foi o garçon, este que aparece na foto, quem se aproximou e quebrou o gelo:
“O que foi isso?” – ele me perguntou muito sério.
E eu, já com as engrenagens da minha imaginação de ficcionista desvairado funcionando, respondi em francês, e bastante alto pra que todo mundo ouvisse:
“Minha ex-esposa!”
Ao que o garçon deduziu:
“Já sei: o senhor a traiu, ou pior ainda, deixou-a por outra”.
“Por outra não” – eu não resisti e repliquei: “por outro”.
E acrescentei:
“Se é que você me entende”.E a história não termina por aqui.
Veja o final no
blog do novelista.
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