sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Autores, autores

No post abaixo tem algo que não sei se é cascata da Glória Perez.
Aqui, algo que não sei se é cascata do Aguinaldo Silva:

Sempre que estou em Paris dou um jeito de sentar na esplanada do Le Deux Magots, um café do Boulevard Saint Germain, e lá fico, a tomar um “Portô”, e a fingir que estou esperando Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir pra termos juntos uma discussão filosófica.

Coisas de escritor solitário e maluco.

Dia desses estava eu sentado na mesa em que, na foto acima, o garçon conversa com dois clientes, quando uma mulher loura e grandalhona, que ia passando pela calçada, me viu e veio falar comigo.

“Você é o Aguinaldo Silva, tche?” – ela me perguntou em português, e com forte sotaque gaúcho.

“Sim, sou o próprio” – eu respondi já todo pimpão, pensando ter sido reconhecido por uma fã... E logo em Paris, imaginem!

Porém, mal respondi, a mulher me deu um tremendo tapa na cara, gritou: “safado, veado fascista, reacionário filha da puta!”

E saiu cavalgando feito uma autêntica centaura dos pampas até desaparecer na esquina da Rue Bonaparte.

Atônito, olhei em torno e vi que, nas mesas lotadas, todos me observavam no mais absoluto e crítico silêncio.

“Que vexame” – eu pensei, enquanto me fingia de estátua.

Foi o garçon, este que aparece na foto, quem se aproximou e quebrou o gelo:

“O que foi isso?” – ele me perguntou muito sério.

E eu, já com as engrenagens da minha imaginação de ficcionista desvairado funcionando, respondi em francês, e bastante alto pra que todo mundo ouvisse:

“Minha ex-esposa!”

Ao que o garçon deduziu:

“Já sei: o senhor a traiu, ou pior ainda, deixou-a por outra”.

“Por outra não” – eu não resisti e repliquei: “por outro”.

E acrescentei:

“Se é que você me entende”.

E a história não termina por aqui.
Veja o final no blog do novelista.

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