sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

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Liquidação de móveis na Gabriel tem "pechinchas", como sofá de R$ 29.900
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL (Folha de S.Paulo)

O que dizer de um gaveteiro de R$ 25 mil, de um sofá de R$ 29.900, de uma mesa de R$ 29.800 e de um armário de R$ 17.636? E de uma tábua de carne de R$ 395? Uma pechincha, se a resposta for de um comprador da Gabriel Monteiro da Silva, a rua paulistana do luxo da decoração.
Antes da liquidação, que começa nesta semana e vai até o fim de fevereiro, o mesmo gaveteiro saía por R$ 50 mil; o sofá, por R$ 33.973; a mesa de jantar, por R$ 48.320; o armário, por R$ 35.272; e a tábua de carne, uma das peças mais baratas dali, valia R$ 750.
Enquanto consumidores dormem dois dias na fila para as liquidações de começo de ano no varejo, como a do Magazine Luiza, a queima de estoque na alameda Gabriel Monteiro da Silva, que reúne cerca de 140 lojas de móveis, é discreta, sem propaganda.
Com a mudança de preços, o perfil da clientela também muda. Durante o ano, diz Helena Amato, gerente da Quartos & Etc, 80% dos clientes são arquitetos e decoradores -ou designers de interiores, como preferem ser chamados. Na liquidação, o público é o consumidor final que compra uma ou outra peça, sem se importar com o conjunto do projeto.
O que faz um gaveteiro de 1 metro e meio de altura por 50 cm de largura custar R$ 50 mil, preço de dois carros? "É o design. As ferragens são superespeciais, as peças são poucas e numeradas", diz Carminha Pereira Gomes, gerente da Montenapoleone, loja de móveis cujo nome foi inspirado na rua do comércio de luxo de Milão. Os produtos com desconto são etiquetados com o aviso: "in promozione".
De apartamento recém-comprado, o engenheiro Fernando Mota saiu ontem da Gabriel com duas banquetas por R$ 1.100 -antes da promoção, o preço era o dobro.
"Quero me apaixonar, olhar uma peça e levar. Não estou focado em valores", diz Mota.
"Esse rack de R$ 15 mil sai por R$ 12 mil?", pergunta a dona de casa Maria Amélia Amaral. "O preço está muito bom. É pegar e levar", diz a vendedora Alexandra Lisbão.