Só lamenta outra coincidência no mundo musical.

Entendeu?
Pro pessoal mais novo, o título do post remete a este filme.
   Quatro mulheres de investidores financeiros se reúnem em um bar em São Paulo e contam ao repórter Paulo Sampaio os efeitos da quebradeira internacional em seu relacionamento conjugal
   
Caio Guatelli/Folha Imagem![]()  |  

FOLHA - Como seus maridos e namorados reagiram à crise?
MARIANA BARBOSA - O meu [marido], que fala pelos cotovelos,  ficou mudo.
ANA CAROLINA ALMEIDA - O Cris  dormia e acordava com a TV na  Bloomberg [canal inglês que  transmite as variações do mercado internacional]. Começou  a tomar remedinho pra dormir,  apareceram alguns cabelos  brancos.
MARIANA - No Marcelo, teve  um agravante: ele perdeu o ânimo. A gente parou de sair. E  meu marido é "o incluído social". São três almoços todo sábado. Não que eu não goste de  ir, mas a gente vai por algo além  do prazer. Ele acha que precisa.    
FOLHA - A crise levou a cortar gastos domésticos?
MARIANA - Temos uma regra  em casa. Tudo pode faltar, menos a babá.   
FOLHA - Houve mudança no tratamento deles com os outros?
ANA - O Cris perdeu aquela  alegria. Nas férias, a gente viajou pra dentro do Brasil. Foi um  lugarzinho bárbaro, em Santa  Catarina. Era mais pra não gastar dinheiro.
MARIANA - Pra não gastar em  dólar, né, Aninha?    
FOLHA - E o assunto entre eles?  ANA - Os homens se uniram.
MARIANA - O Marcelo nunca foi  de entrar em casa falando ao telefone, mas ele simplesmente  não esgotava o assunto.  
FOLHA - E o humor?
ANA - De primeiro, o Cris até  ficou irritado; depois, carente.
FERNANDA ALMEIDA - O meu caso  era completamente diferente  de tudo o que eu tô ouvindo. Pelo menos em casa, ele dizia:  "Vamos evitar esse assunto".
TODAS - Nossa, que maravilha!
MARIANA - Amigas, nossas histórias são café pequeno perto  de outras. Tenho uma conhecida que a vida do marido acabou.  Ele perdeu dinheiro aplicado  da família inteira. Da irmã milionária, do irmão triliardário.  Esse cara é mais velho, quase  50, daquela fase que os nossos  meninos não pegaram, em que  um cara, com 30 anos, já tinha  feito US$ 2 milhões.  
FOLHA - Mas hoje ainda existe esse  negócio de conquistar o primeiro  milhão?
MARIANA - Ôpa! A coisa mais  comum nesse meio é ouvir:  "Como assim, você vai ter um  filho antes de fazer o primeiro  milhão de dólares?".
FERNANDA - [Séria] É uma ideia  muito idiota!
AS OUTRAS - É, mas existe!
MARIANA - Eles falam sério! Te  chamam de irresponsável.  
FOLHA - E eles têm esse dinheiro?
MARIANA - Têm...têm, têm.
FERNANDA - Mas quem inventou isso? Você faz parte de qual  porcentagem do PIB nacional?
MARIANA E ANA - Não, Fernanda,  isso é conversa de roda no mercado financeiro.
LYNA JENNER- É papo de menino. É o equivalente a: "Como  você não tem uma enfermeira,  só uma babá?".  
FOLHA - Costuma-se dizer que o investidor do mercado financeiro valoriza o status proporcionado pelo  que é caro.
TODAS - Ôpa, sem dúvida!
 MARIANA - O carro, o relógio, o  sapato.
ANA - Principalmente o carro.  
FOLHA - Qual o carro do Cris?
ANA - [Rindo] Ele comprou  um Freelander [Land Rover].
LYNA - O Cris [são dois com o  mesmo nome] é bem consumista. Sapato, roupa... o carro é  uma BM[W].
MARIANA - Quando eu comecei  a namorar o Marcelo, achava  que ele era milionário. Eu nasci  bem, morei em Nova York,  mas, mesmo assim, ele me impressionou. Pensei: "Que sorte  encontrar um cara lindo, rico...". Ele morava sozinho em  um apartamento enorme, de  quatro quartos, na Vila Nova  Conceição, e era chiquérrimo  nos detalhes: na abotoadura, no  bico do sapato. Ele sempre diz:  "Para alguém colocar o dinheiro comigo, tem que acreditar  que eu sou muito rico, muito  próspero".  
FOLHA - A crise mudou isso?
 LYNA - O que mudou foram os  planos de comprar uma casa no  campo, fazer uma megaviagem  pra St. Barths, pra Europa.  
FOLHA - Parece mais frustrante  ainda para quem costuma planejar  o que vai fazer com o dinheiro que  ainda não ganhou.
LYNA - A vida continua.  
FOLHA - Fora ganhar dinheiro, do  que os rapazes gostam?
ANA - O Cris ama vinho. Tem  duas adegas, que deram uma  boa esvaziada. E, no auge, ele  não repôs. Só agora, recentemente.  
FOLHA - Como é a casa de um investidor como o Cris?
ANA - Ele mora em um apartamento de homem, no Morumbi. São três quartos, mas ele  quebrou um com a sala e tem  um escritório.  
FOLHA - Fernanda falou pouco...
FERNANDA - Meu namorado  não segue esse estereótipo, sapato, relógio. Ele se mudou  agora para um apartamento  melhor, comprou jipe.  
FOLHA - Que jipe?
FERNANDA - Acho que é Santa  Cruz... [com expressão de quem  pede socorro] ou Veracruz?
 MARIANA - Tem os dois.
FERNANDA - Veracruz, então.  LYNA - Mais de R$ 100 mil.  
FOLHA - O.k., mas como foi então  que ele sentiu a perda de dinheiro?
FERNANDA - Ele dizia: "Você  não sabe como eu tô pobre!".  Eu o animava. Outro dia fomos  comer num japonês que é mais  carinho e vivia lotado, estava  vazio. Mas a gente tava lá.  
FOLHA - Ele não é consumista?
FERNANDA - Não, gasta com vinho e comida.
MARIANA - É que o mercado financeiro tem as miniturmas. A  do polo, a do golfe...  
FOLHA - Você conhece a "miniturma do polo"?
MARIANA - 90% do mercado financeiro faz polo. Na crise,  meu marido não jogou nenhuma vez. Custa uma fortuna.  Tem que ter sete cavalos. Então, nessas sutilezas é que você  sente a crise.  
FOLHA - Os especialistas dizem que  é comum haver problema sexual em  homens que enfrentam crises.
TODAS - Siiiiim [mas ninguém  diz que aconteceu consigo].
 LYNA - Eu estava de resguardo.  ANA - Eu só vejo o Cris no fim  de semana, então não mudou.  
FOLHA - Uma amante faz parte do  arsenal de status do investidor?
FERNANDA - Claro, de todos.  ANA - Eu não penso nisso.  MARIANA - Não é coisa de investidor, é de homem.  
FOLHA - Recentemente, entrevistei um psicanalista que acredita que  os investidores escolhem suas mulheres pensando mais em fazer uma  dupla social boa do que no amor.
MARIANA - Rola isso, sim. É até  feio falar, mas a ex-namorada  do Marcelo era uma "baianinha". Tenho certeza de que o  fato de eu ter morado no mundo inteiro, falar línguas, conhecer pessoas o levou a pensar:  "Vou ficar com esse fim de  mundo [a "baianinha"] ou fazer  essa troca?". E me escolheu.
 ANA - O Cris tem pavor de mulher feia. Gorda? Não pode ver.
rogeriocastilho@uol.com.br